sábado, 4 de junho de 2011

3ª Mostra de Cultura Fílmica


 Quinta-feira, dia 2 de Junho, os alunos de Cultura Fílmica – unidade curricular da Universidade do Algarve – juntaram no “Pátio Bar”, em Faro, alguns intervenientes do meio audiovisual do Algarve. À exibição de seis curtas-metragens foi somado um debate em torno da situação actual da produção audiovisual na região.

Eduardo Pinto, responsável na área de “conteúdos e talentos” da Algarve Film Comission, (entidade que apoia e divulga a produção audiovisual na região do Algarve), realçou a diversidade desta Mostra e a presença de dois «case studies» no que diz respeito à produção audiovisual com raízes na região: André Badalo, realizador de “Shoot Me” e Nuno Fernandes, co-realizador de “O Homem da Terra”.


Miguel Palhinha, farense que nunca filmou em Portugal, apresentou a sua curta-metragem “Snail Trails”, rodada numa floresta da República Checa durante dois dias de «trabalho intensivo, de sol a sol», referiu o realizador. Nesta curta-metragem, Miguel trabalhou com película o que, dito pelo próprio «fez valorizar muito mais cada minuto de filmagem e evitou alguns “relaxes” da equipa, comuns quando se trabalha em digital».

Miguel Palhinha, chegado a Faro depois de uma temporada a estudar cinema em Praga.

«Não sou um realizador, sou um aprendiz de feiticeiro». Foi assim que Gustavo Jesus, artista plástico de Estoi (Faro), se introduziu. A obra “Nihil Durare Potest Tempore Perpetuo” não é uma curta-metragem, mas sim «um registo de uma arte performativa», corrigiu Gustavo. A versão original desta obra tem 50 minutos e foi criada para ser exibida numa galeria de arte. O artista acelerou a imagem para que a sua duração ficasse pelos 8 minutos, durante os quais se empareda com o auxílio de 144 tijolos (comprados por Gustavo).

Mariana Madeira concentrou o seu trabalho na fase de montagem, seguindo a tradição do cinema, onde a edição, a parte de “corte e costura”, já foi um metier exclusivamente feminino. “Battle Game” nasce da relação íntima entre a artista e elementos electrónicos. Mariana sublinhou que não trabalha com apoios, não trabalha com meios e concluiu com naturalidade: «Não trabalho com dinheiro».

A Video Arte ficou representada por Gustavo Jesus e Mariana Madeira.

Todos os realizadores presentes concordaram com a perspectiva de Nuno Fernandes, “O Homem da Terra”: «é um investimento pessoal que um dia vai dar frutos», disse o realizador sobre trabalhar sem recursos e ser obrigado a investir do “próprio bolso”.


Eduardo pinto constatou a realidade do meio audiovisual: “As câmaras foram democratizadas”. Patrício Faísca, que começou a filmar com a câmara de um vizinho, aproveitou com talento esta “democratização”. Segundo Eduardo Pinto, a qualidade do seu trabalho tem melhorado de produção para produção. Em “Comando”, o actor amador utilizado por Patrício não só teve de representar como também cavou a trincheira onde decorre a acção.

Da esquerda para a direita: Nuno Fernandes, Patrício Faísca, André Badalo e Eduardo Pinto.

 Na sua primeira produção, “Shoot Me”, André Badalo confessou ter trabalhado sem orçamento, «sem sequer ter dinheiro para o catering». Sem cachet para oferecer, André Badalo conseguiu convencer Ivo Canelas, Maria João Bastos e Philippe Leroux a participar em “Shoot Me” graças somente à qualidade do guião que apresentou.

O Professor Vítor Reia-Baptista fez uma comunicação final.

Eduardo Pinto e Vítor Reia-Baptista, responsável pela unidade curricular de Cultura Fílmica, concordaram que esta 3ª Mostra de Cultura Fílmica melhorou em relação à edição anterior, já que «somou mais géneros, sendo mais diversificada». «A Cultura Fílmica é a nossa capacidade de somarmos várias formas, de entendermos vários géneros fílmicos. Por oposição à pobreza fílmica - a falta de diversidade.», finalizou o Professor Vítor Reia-Baptista.


Texto por Nuno Afonso Brito.
Todas as fotos por Vera Palminha.